Uncontrollably Far
segunda-feira, 16 de junho de 2014 @ 19:32
Por diversas vezes comecei esta carta. Escrevi, apaguei, comecei outra vez. Rasguei a folha e peguei uma nova. Mas nunca terminava, não parecia certa, não parecia verdadeira. Comecei diversas vezes esta carta, mas nenhuma delas parecia transmitir aquilo que eu precisava falar a você. 

Quando nos conhecemos não foi mágico, nem nada. Foi normal, como duas pessoas precisavam se conhecer, amigos em comum nos apresentaram, conversamos, rimos e a noite acabou. Não nos beijamos no final da noite, não saímos no dia seguinte e nunca marcamos um cinema no domingo. 

Pareceu certo acontecer assim. Conversamos diversas vezes, compartilhamos piadas idiotas e fotos constrangedoras. Era certo assim. Com o passar do tempo nossa amizade foi crescendo, sempre que nossos amigos saiam era certeza que iríamos nos ver. Mas nem sempre era assim, às vezes eu tinha que trabalhar ou estudar. Enquanto você saia com outros amigos ou tinha que ir visitar sua família no interior. 

O primeiro beijo foi estranho. Aconteceu numa festa, depois daquela tequila ou seria depois das cervejas? Quando aconteceu, olhamos um para o outro e rimos. Essa era uma das coisas que sempre comentávamos, “e se um dia nos beijarmos?”. Nesse momento pareceu uma história de filme, onde os amigos se beijavam, viravam um casal e ficavam juntos pra sempre. Entretanto, essa não foi nossa história. 

Começamos a sair como um casal, íamos ao cinema, comíamos pizza aos sábados e em algum final de semana você me levou para conhecer sua família. Nos primeiros meses fomos um sonho de casal, nossas piadas ainda eram engraçadas, não cansávamos de conversar um com o outro. Parecia que nada tinha mudado. Mas mudou. Os sintomas começaram a aparecer depois dos seis meses de namoro. 

Nós tínhamos temperamentos diferentes. Nossas ideias começaram a ir para cominhos diferentes. As mensagens nem sempre eram respondidas mais. O casal adorável começou a ser o casal desconfortável. Tinha sempre um clima pairando ao nosso redor, você conseguia sentir?

Mas o pior momento foi a traição. Nunca imaginei que chegaríamos nesse ponto, entretanto nós chegamos. Não houve briga, somente lágrimas. Minhas e suas. Saímos tão machucados dessa relação, e eu sempre me pergunto, “como foi que não vimos isso acontecer?”. Não foi você que me traiu ou eu que te trai. Nós nos traímos. Achamos que nossa relação seria pra sempre, que não acabaria com magoas. Porém, quando tudo acabou eu só conseguia sentir mágoa de tudo isso. E não acho que com você tenha sido diferente. 

Agora somos completos estranhos na vida do outro. Magoados por que acreditávamos que éramos invencíveis. Ou será que era por sermos jovens demais? Por diversas vezes eu comecei essa carta e nenhuma delas conseguiu ser tão verdadeira como esta. 

Me desculpe se não duramos para sempre. Me desculpe se eu não pude ser a namorada que você sempre quis. E não se preocupe, eu te desculpo também. E obrigada por me escrever antes, agora sinto que podemos seguir em frente como jamais tínhamos conseguido. 

Com amor,

Manuella

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